Um especialista em RH deixou o emprego e vive em um ônibus com dez cães resgatados.
Esta é a história de Lee Asher, um americano próspero, que tinha uma renda salarial anual de seis dígitos – acima, portanto, dos US$ 100.000. Apesar de tudo, certo dia, Lee decidiu abandonar a carreira construída com palestras sobre estratégia e motivação e simplesmente viajar com cães.
Ele constituiu a Asher House, uma fundação com sede em uma van – um micro-ônibus escolar com pouco mais de 11 metros de comprimento – em que viaja pelos EUA com os dez cães que resgatou em abrigos, para divulgar a adoção responsável de animais de estimação.

A história
Antes de cair na estrada, Lee Asher era um consultor corporativo bem-sucedido. Em setembro de 2017, ele pediu demissão do emprego e surgiu a inspiração de viajar pelo país com os dez cães que já conviviam com ele.

Antes de largar o emprego, Asher desenvolvia palestras motivacionais para profissionais de vendas. Quando desistiu da carreira, ele não tinha planos em vista – nada que pudesse manter o padrão de vida: ele morava em Los Angeles, uma das cidades mais caras dos EUA; apenas com o aluguel, Asher gastava US$ 2.500 mensais.

A ideia que surgiu foi salvar o maior número possível de cães abandonados por tutores irresponsáveis. Asher e seus dez cães viajam e vivem em um micro-ônibus com cozinha completa, banheiro, beliche (para economizar espaço) e um terraço na cobertura – o capô da van.
O veículo custou US$ 65.000 e até o painel de instrumentos serve de cama para alguns pets, mas cinco ou seis sempre dormem junto com o tutor. O painel também é o “local dos copilotos”, que acompanham as viagens quando Asher está dirigindo.

Nos primeiros seis meses da empreitada, Asher consumiu todas as economias e chegou a usar todo o limite dos cartões de crédito que possuía. Atualmente, porém, ele conta com patrocinadores: a Canidae Food Dogs é responsável pela manutenção da fundação, dos dez cães e, claro, de Asher.
Os cães
Os dez cachorros resgatados por Asher eram candidatos improváveis à adoção. Alguns deles têm raça definida (sem pedigree), mas, quando chegaram à casa do “salvador”, todos eles apresentavam transtornos e doenças físicas ou emocionais:
• Molly tinha medo mórbido de homens;
• Butters sofreu maus tratos dos antigos tutores;
• Bo não conseguia relaxar, parecia sempre ligado nos 220V;
• Stella tinha indicação para eutanásia;
• Lillie sofre com epilepsia;
• Tony sofria com sobrepeso;
• Queen era velha demais para ser adotada;
• Penny tinha um medo paralisante de tudo e todos;
• Sammy é portador do verme do coração;
• Cali vivia isolada e precisava de um amigo especial.
O trabalho
Nas suas viagens, Asher mantém a mantilha reunida, como prova de que a companhia de qualquer animal, saudável ou doente, é favorável aos humanos. Ele recolhe animais abandonados ou que sofrem maus tratos e trata de encontrar uma nova casa para eles – na mesma cidade, ou na cidade seguinte.

O grupo original, no entanto, não se desfaz. Asher decidiu adotar os pets por compaixão. Ele sabia que nenhum deles conseguiria encontrar um novo lar e dispôs-se a ser o pai desta grande família. Ele, no entanto, não se apega aos demais cães que recolhe – e Koda é a prova viva desse desapego.

Em julho de 2020, Asher adotou Koda, uma malamute do Alasca que ele descreve como “a cadela dos sonhos”. Ele decidiu ficar com a cachorra, que passou a fazer parte da matilha e a viajar em nome da Asher House.

Responsável, o tutor levou Koda para um check-up. No consultório, a veterinária comentou que a cadela se parecia muito com o pet que tinha em casa, morto recentemente. A profissional disse que a filha, isolada em casa por causa da pandemia de Covid-19, também tinha perdido o animal de estimação.

É o próprio Asher quem completa a narrativa: “Eu sabia que esta era uma mensagem do universo dizendo para eu doar Koda; era a cadela da criança, eu apenas havia cuidado dela por uns dias”.

O criador da Asher House está na estrada, viajando por várias cidades dos EUA, há três anos. Ele e os dez cães passam dez meses por ano divulgando a adoção responsável de pets. Ele diz que prefere os deslocamentos ao tempo que passa em South Lake Tahoe, na Califórnia.

Neste tempo de trabalho da Asher House, Lee organizava eventos em todas as cidades por que passava, palestrando sobre a importância da adoção responsável. Nos últimos meses, em função da pandemia, o tutor realiza palestras online, mas não deixa de divulgar a causa nobre que transformou a sua vida – e a de muitos cães.